As tendências de telecom e TI reforçam um fato incontestável e que se torna mais claro a cada dia: investir na transformação digital não é mais uma opção, mas uma questão de sobrevivência para empresas de todos os tipos e tamanhos.
Independente de qual seja o objetivo – reduzir custos, crescer ou reinventar o modelo de negócio – a tecnologia será peça chave. Para aproveitar as oportunidades da melhor forma e otimizar ao máximo seus recursos, as empresas precisam estar atentas ao mercado.
Ao ler este artigo, você vai ficar por dentro das principais tendências de telecom e TI para o ano de 2023, com base em estudos da Gartner e de outros especialistas que são referência no setor.
Desde outubro de 2022, todas as capitais brasileiras passaram a contar com estações de 5G “puro”. Segundo a Anatel, as capitais representam 24% da população brasileira e, por isso, mais de 50 milhões de usuários já podem usufruir de todas as vantagens da tecnologia.
Em 2023, a tendência é de que a expansão do 5G seja acelerada. Mais 420 municípios foram incluídos no próximo grupo de cidades que devem receber a nova tecnologia ainda no mês de janeiro.
As operadoras Algar Telecom, Claro, Sercomtel, TIM e Vivo, em parceria com a Conexis Brasil Digital, lançaram o portal Conecte 5G, que reúne informações, curiosidades e notícias sobre a nova tecnologia. Também está disponível um mapa, onde você pode conferir a localização exata e atualizada das antenas 5G em todo o Brasil.
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Obviamente, o crescimento do 5G não se restringe ao Brasil, já que essa é uma tendência mundial. De acordo com um estudo, o número de usuários do 5G vai aumentar 41% ao ano, em média, até 2027. Ao mesmo tempo, tecnologias como o 4G, 3G e 2G devem encolher entre 6% e 13% ao ano.
Nas empresas, também existe a intenção de realizar investimentos para aproveitar todos os benefícios da tecnologia 5G. Um relatório da KPMG mostra que 71% das organizações brasileiras planejam utilizar o 5G em um prazo de até 5 anos. A tecnologia deve ser aplicada, principalmente, na área de infraestrutura de TI e cloud, experiência do cliente (CX), logística e suprimentos.
O ESG – do inglês Environmental, Social and Governance – têm ganhado cada vez mais espaço nas empresas, e corresponde às suas práticas ambientais, sociais e de governança. Essa é uma pauta que tem relação direta com a tecnologia e, segundo estimativa da Gartner, até 2025, 50% dos CIOs devem ter métricas de desempenho ligadas à sustentabilidade da infraestrutura de TI.
Para obter bons resultados relacionados à ESG, as empresas podem – e devem – adotar tecnologias sustentáveis, que promovam melhorias em três eixos:
Na prática, as empresas devem priorizar investimentos em cloud computing, por exemplo, para aumentar as taxas de utilização de recursos compartilhados e reduzir os impactos ambientais.
As indústrias também vão se preocupar cada vez mais com a emissão de gases de efeito estufa, adotando softwares de análise de dados para acompanhar relatórios de emissões passadas, presentes e futuras. Além disso, estarão atentas aos seus fornecedores, priorizando a parceria com organizações que compartilham do cuidado com as questões ambientais.
Uma pesquisa com CEOs brasileiros mostrou que, para 50% deles, adotar uma abordagem mais proativa para questões sociais, como o aumento do investimento em salários dignos, direitos humanos e estratégias de inclusão e diversidade nas empresas como fatores principais para acelerar estratégias ESG nos próximos três anos.
O relatório aponta, ainda, que 86% dos líderes afirmam que há uma demanda cada vez maior da sociedade – investidores, reguladores e clientes – por relatórios transparentes de como a sustentabilidade está sendo trabalhada na prática pelas empresas.
O metaverso é um ambiente virtual imersivo composto por representações digitais de pessoas, lugares e coisas. A tecnologia permite replicar ou até potencializar atividades que as pessoas já executam no “mundo físico”. Por isso, tem potencial para transformar a forma como interagimos, nos divertimos, nos conectamos com amigos e fazemos negócios.
Apesar do metaverso ainda estar dando seus primeiros passos e, por isso, ser desacreditado por muitas pessoas, a Gartner estima que até 2027, 40% das grandes empresas mundiais estarão utilizando projetos realizados nesse ambiente para aumentar sua receita.
De acordo com um relatório do IEEE, o metaverso deve ser uma das áreas mais importantes da tecnologia em 2023, junto com a Computação em nuvem, o 5G, os veículos elétricos e a Internet Industrial das Coisas (IIoT). 91% dos participantes desta pesquisa afirmam que suas empresas já estão adotando estratégias apoiadas em tecnologias do metaverso, especialmente para promover treinamentos, conferências e reuniões híbridas com os colaboradores.
Há uma expectativa, ainda segundo a Gartner, de que as organizações utilizem cada vez mais essas experiências no metaverso para engajar e se conectar com seus colaboradores, por meio de espaços de trabalho virtuais – seria uma evolução da antiga intranet?!
Para as empresas, fica essa missão: explorar todas as oportunidades do metaverso para alavancar os negócios digitais e, quem sabe, inovar ao desenvolver produtos e serviços pensados especialmente para esse ambiente. Apesar disso, como aponta a Gartner, é recomendável investir com cautela, já que ainda é cedo para definir quais investimentos serão viáveis no longo prazo.
O super app é um aplicativo que fornece um conjunto de recursos, funcionalidades e ferramentas, além de acesso à vários “mini aplicativos” criados independentemente – tudo em uma única plataforma. Para o usuário final, o super app se propõe a entregar uma experiência simples, rápida e fácil de resolver diversos problemas em uma única interface, e sem precisar baixar vários outros aplicativos.
Temos diversos exemplos, inclusive de plataformas brasileiras, para citar como super apps. Um deles é o Magalu, que há muito tempo deixou de ser apenas uma loja de celulares e eletrodomésticos. No aplicativo da marca, é possível ter acesso a um serviço de pagamento único – o MagaluPay, ao programa de benefícios – Cliente Ouro, cartão de crédito, chip de celular, listas de presentes e outras funcionalidades.
O próprio Elon Musk, que recentemente adquiriu o Twitter por US$ 44 bilhões, afirmou que tem a intenção de transformar a plataforma em um super app: o “X”. A inspiração vem do chinês We Chat, atualmente com 1,2 bilhão de usuários. No app, é possível transferir dinheiro, chamar táxis, pedir comida, fazer compras, acessar serviços públicos, agendar consultas médicas e muito, muito mais.
Não é à toa que os super apps caiam no gosto da população, não é? Segundo a Gartner, até 2027 mais de 50% das pessoas de todo o mundo estarão utilizando vários super apps diariamente.
De acordo com uma pesquisa, 13% das empresas brasileiras afirmaram já ter utilizado algum tipo de aplicação de inteligência artificial (IA), sendo que nas companhias de grande porte, este percentual aumenta para 39%. As principais aplicações são para automatização de processos de trabalho (73%) e para reconhecimento e processamento de imagens, que identificam objetos ou pessoas (33%).
Em 2023, cada vez mais organizações devem adotar algum tipo de IA para acelerar o alcance dos seus objetivos e otimizar fluxos de trabalho. Mas, segundo a Gartner, o conceito deve evoluir e uma das fortes tendências de telecom e TI para s próximos anos é o desenvolvimento de sistemas adaptáveis de inteligência artificial.
Estes sistemas são capazes de coletar dados e utilizar feedbacks em tempo real para aprender e se adaptar rapidamente às circunstâncias do ambiente, mesmo para mudanças inicialmente não previstas no seu desenvolvimento. Para a Gartner, até 2026, empresas que tiverem adotado práticas de inteligência artificial adaptável vão ter um desempenho 25% melhor do que outras organizações na operacionalização de modelos de IA.
A Cerego é um exemplo de plataforma que utiliza a inteligência artificial adaptável e o aprendizado de máquina para fins educacionais. Com base nos dados de cada usuário, a plataforma sabe que lições apresentar, quanto aplicar testes e como medir o progresso individualmente. A solução já é utilizada por organizações como o Exército Americano e a Arizona State University.
Um sistema imunológico digital – ou Digital Immune System (DIS), em inglês – combina teorias e práticas de diversos campos, como observabilidade, inteligência artificial, engenharia de caos, auto remediação, engenharia de confiabilidade e segurança da cadeia de suprimentos de software para aumentar a resistência de produtos, serviços e sistemas.
Ao utilizar um sistema imunológico digital, a empresa não só melhora a segurança digital, como também a experiência do usuário e do cliente. Isso porque, quando se está preparada para gerenciar possíveis falhas, o tempo de resolução de incidentes tende a diminuir. Para a Gartner, até 2025, as organizações que investirem em sistemas imunológicos digitais vão reduzir o tempo de inatividade dos seus sistemas e serviços em 80% e, com isso, melhorar a satisfação dos clientes.
O Banco Itaú é um exemplo de empresa brasileira que já adotou estratégias de olho nessa tendência de telecom e TI. Adicionando recursos preditivos e de correção aos seus sistemas de monitoramento, a reparação automática de incidentes melhorou em 37%, enquanto o tempo médio de resolução de problemas caiu 45%.
A observabilidade aplicada é o uso aplicado de dados observáveis em uma abordagem integrada para permitir análises e reações mais rápidas nas empresas. Com uma tomada de decisão mais rápida e assertiva, a operação pode ser otimizada em tempo real, melhorando resultados no curto e no longo prazo.
A Gartner estima que, até 2026, 70% das empresas que implementarem iniciativas de observabilidade aplicada terão vantagem competitiva nos negócios e nos processos de TI. Na prática, a observabilidade aplicada utiliza inteligência artificial para catalogar e analisar os dados crus dentro de um contexto, levando em conta o histórico e o aprendizado de experiências anteriores para gerar metadados ativos e passivos. O uso arquitetado desses metadados leva a decisões melhores, mais rápidas, consistentes e eficazes.
A Tesla é um exemplo de empresa que usa elementos de observabilidade aplicada para definir o valor da apólice de seguro dos proprietários de veículos da marca nos Estados Unidos. Os automóveis da Tesla “observam” e medem o comportamento dos motoristas usando sensores e o software de piloto automático. Os dados coletados geram uma pontuação e os motoristas que tiverem pontuações classificadas como mais seguras conquistam descontos progressivos nas mensalidades da apólice.
O uso da inteligência artificial nas empresas requer novas formas de gerenciamento de confiança, risco e segurança, que os controles convencionais não costumam fornecer. Para a Gartner, as organizações precisam ter um olhar atento a esta tendência, já que até 2026, organizações que utilizarem a IA com transparência, confiabilidade e segurança terão uma melhoria de 50% em termos de metas de negócios, adoção e aceitação do usuário.
Outro estudo apontou que, para mais de 90% das organizações que já utilizam IA, é essencial ser transparente e explicar como a inteligência artificial trabalha e em que baseia suas decisões. Nesse sentido, a gestão de confiança, risco e segurança de IA oferece suporte à governança, confiabilidade, imparcialidade, robustez, eficácia e privacidade de dados.
Na prática, as organizações podem tornar seus modelos de IA explicáveis ou interpretáveis usando ferramentas de código aberto, por exemplo, e/ou utilizar soluções que garantam a integridade do modelo e dos dados e validam constantemente a sua confiabilidade.
As plataformas em nuvem oferecem uma combinação de software como serviço (SaaS), plataforma como serviço (PaaS) e infraestrutura como serviço (IaaS) com funcionalidades personalizadas e específicas que podem se adaptar mais facilmente a diferentes tipos de negócio.
As organizações podem utilizar esses recursos como “blocos de construção”, compondo iniciativas digitais únicas e diferenciadas. Segundo a Gartner, até 2027 mais da metade das grandes empresas devem estar utilizando as plataformas em nuvem para acelerar seus negócios.
Mas essa tendência não se aplica apenas às empresas. A cidade de Hangzhou, uma das mais populosas da China, se juntou à Alibaba para construir o City Brain, uma plataforma em nuvem para gerenciar o controle de tráfego. O sistema é uma combinação de infraestrutura digitalizada, uma plataforma centralizada de dados e aplicações massivas. A plataforma analisa em tempo real informações de câmeras de segurança e satélites para maximizar a fluidez das vias e diminuir congestionamentos.
O objetivo da engenharia de plataforma é otimizar a experiência do desenvolvedor e acelerar a entrega dos times de produtos digitais. As plataformas fornecem um conjunto de ferramentas, recursos e processos selecionados por especialistas e organizados para fácil consumo pelos usuários finais.
O objetivo é uma experiência de autoatendimento que oferece os recursos certos para permitir que os desenvolvedores trabalhem com o mínimo de sobrecarga possível, aumentando a produtividade. A plataforma deve incluir tudo o que a equipe necessita, da maneira que melhor se adeque ao fluxo de trabalho.
A Gartner estima que, até 2026, 80% das empresas de engenharia de software irão estabelecer equipes de plataforma como fornecedores internos de serviços, componentes e ferramentas reutilizáveis para entrega de aplicativos.
Cada vez mais, as empresas utilizarão tecnologias sem fio: desde o Wi-fi no escritório, celulares, drones, câmeras de monitoramento e identificação por radiofrequência (RFID). Essa combinação fornecerá uma base técnica mais econômica, confiável e escalável, reduzindo seus custos.
Nesse sentido, a tecnologia sem fio deixa de exercer um papel apenas de comunicação, de troca de informações, para se tornar uma verdadeira plataforma de inovação digital. Isso porque ela será base para o fornecimento de dados ricos, que geram inclusive valor comercial para as empresas. Para a Gartner, até 2025, 50% dos endpoints sem fio utilizarão serviços de rede que fornecem recursos adicionais, além da comunicação.
A Bosch-Siemens é um exemplo de empresa que está utilizando tecnologia sem fio para aumentar a segurança dos seus colaboradores. Sensores ultrassônicos instalados em empilhadeiras são utilizados para desacelerar os equipamentos em tempo real. Como resultado, o risco de acidentes reduziu em 98% e houve um aumento de 10% na produtividade.
As tendências de telecom e TI mostram como o setor deve continuar sendo o protagonista na transformação digital, com uma mudança estrutural onde a gestão de TI deixa de ser um setor operacional e assume uma posição estratégica na inteligência dos negócios.
Em dúvida sobre como aproveitar as oportunidades e otimizar a telecom e TI na sua empresa? Fale com um especialista e descomplique seus processos.
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Por
Amanda Born
Analista de Conteúdo na VC-X Solutions, apaixonada por futebol e pelo Grêmio, trilheira nas horas vagas