Você certamente já ouviu falar e provavelmente já comprou em um marketplace. Nos últimos anos, começando pelos Estados Unidos e China, esse tipo de solução rapidamente passou a responder pela maior parte do comércio eletrônico, ampliando cada vez mais as ofertas para a compra de produtos, e mais recentemente a contratação de serviços.
No Brasil não está sendo diferente. Pense em sites como Mercado Livre, Magazine Luiza ou Shopee, por exemplo. Pouco a pouco, o marketplace cresce sua participação no e-commerce brasileiro com a oferta de serviços para os mais diversos setores, incluindo a telecom e TI.
Um marketplace é um tipo de comércio eletrônico que funciona como um shopping center. Diferente de um site gerenciado por uma empresa e que oferece produtos somente daquela determinada marca, o marketplace reúne diferentes fornecedores em uma plataforma única voltada para alugar, vender, comprar, trocar ou negociar produtos e serviços.
O objetivo do marketplace é reunir vendedores e compradores para impulsionar o maior número possível de transações comerciais bem sucedidas. Alguns marketplaces cuidam da divulgação de produtos e serviços e da entrega, outros não fazem a entrega, por exemplo. Mas todos se responsabilizam legalmente pelo processo de compra e venda.
No ambiente digital, os marketplaces utilizam o gateway de pagamento para tornar a experiência de compra segura e eficiente. O gateway equivale às máquinas de cartão da loja física: é uma tecnologia de pagamento que faz a ponte entre o consumidor, o banco e a operadora do cartão.
Podemos dividir os marketplaces em cinco tipos de acordo com seu modelo de receita, que veremos em detalhes mais adiante.
Aqui temos alguns dos marketplaces mais conhecidos que vendem diversos tipos de produtos, de eletrônicos e vestuário, até livros, móveis e calçados.
Ex: MadeiraMadeira, Amazon, Casas Bahia, Leroy Merlin e Americanas.
Segmento que cresce velozmente em todo o mundo. São plataformas onde pessoas físicas e jurídicas fazem um cadastro para oferecer seus serviços.
Os mais conhecidos são empresas B2C, como Uber, iFood, 99, Cabify, Rappi, mas esse segmento ganha importância também no setor de B2B, onde ajuda as empresas que procuram fornecedores a comparar preços, entrega e qualidade, como no site oHub, por exemplo.
O mais famoso deles é o Airbnb, a maior empresa de aluguel do mundo, que não possui um hotel ou uma pousada sequer. A plataforma conecta turistas que estão procurando um espaço para alugar – normalmente por um curto período de tempo – com donos de locais para hospedagem, como casas, apartamentos e quartos, que disponibilizam seu espaço para locação.
Mas o mercado imobiliário de forma geral também começou a ter um olhar mais atento para esse modelo de negócio. Exemplos disso são as plataformas Zap Imóveis e Quinto Andar, onde proprietários, corretores e imobiliárias podem anunciar imóveis para vender ou alugar, em contratos de locação mais longos.
Esse tipo de marketplace é voltado para atender públicos de nicho, como médicos, fisioterapeutas, dentistas, psicólogos ou profissionais de estética, construção e reforma, entre outros, com a divulgação de seus serviços.
Por meio de sites como o Doctoralia e GetNinjas, esses profissionais liberais podem oferecer uma ferramenta simples e prática para que seus pacientes ou clientes agendem uma consulta ou horário, quando, como e onde quiserem.
São marketplaces especialistas em marketing digital que oferecem uma plataforma robusta para que pessoas físicas e empresas divulguem seus produtos e serviços. Para isso, o usuário preenche um cadastro, completa com todos os dados e informações, como foto, descrição, valor e contato.
Nesse caso, o marketplace basicamente é como um grande classificado, que não comercializa nenhum item, nem fornece meios de pagamento, apenas exibe produtos e serviços em seus canais. Podemos citar como exemplos o Google Shopping, OLX, Buscapé e o marketplace do Facebook.
O modelo de marketplace vai muito além da venda de produtos e atende uma demanda crescente por serviços de revenda, aluguel e reservas, por exemplo. Em todos os casos, o marketplace funciona como um intermediário entre fornecedores e consumidores.
Em todos os modelos de marketplace existem basicamente três tipos de acesso:
Esse é o usuário que é responsável por fazer seu próprio cadastro, ou da sua empresa, no site do marketplace, bem como incluir as imagens, descrições, preços e formas de pagamento para produtos e serviços.
Depois disso, esses itens começam a ser exibidos e divulgados nos canais do marketplace, aparecendo nas pesquisas e sugestões personalizadas para potenciais compradores.
O administrador do marketplace cuida do gerenciamento de todos os fornecedores que vendem no site ou aplicativo, bem como da gestão da infraestrutura digital, recursos humanos, sistema de pagamento, entre outras atividades.
Para isso, o marketplace cobra dos fornecedores de acordo com diversos modelos de receita, como veremos adiante.
Esse é o acesso mais simples, já que o cliente deve encontrar o menor número de barreiras no marketplace. Por isso, tudo começa com o acesso gratuito à plataforma, seja para navegar no site ou para baixar o aplicativo.
De resto, tudo é igual a uma loja virtual, onde o cliente precisa criar um cadastro com seus dados para concluir as compras ou contratar serviços de forma fácil e rápida.
É a forma mais comum de gerar receita nos marketplaces. De cada negócio fechado, o administrador fica com uma parte do valor, que em geral varia de 10% a 25%, dependendo do segmento. O restante segue para o vendedor que fez a conversão. Em geral, esse percentual é mais baixo nas plataformas de produtos. Alguns marketplaces optam por cobrar uma taxa fixa por transação concluída.
Aqui, o vendedor paga uma assinatura, recorrente ou não, para utilizar os serviços do marketplace. Esse é outro modelo também muito comum, especialmente em plataformas que se dedicam a criar estratégias e ações de marketing para atrair mais clientes, gerando valor na geração de novas oportunidades, como o Doctoralia.
Esse modelo é adotado pelo GetNinjas, por exemplo. Aqui, o vendedor/prestador de serviço compra um pacote de créditos que dá acesso a uma quantia definida de potenciais clientes, para que ele entre em contato e feche o negócio.
Este tipo de modelo de receita vende espaços de divulgação oferecendo destaque para produtos, serviços ou campanhas. São aqueles banners que aparecem no topo ou na lateral das páginas do marketplace.
Em resumo, os marketplaces podem trabalhar com um modelo exclusivo de remuneração ou combinar mais de um modelo para aumentar a geração de receita. Existem também formas diferentes para monetizar, mas basicamente essas quatro maneiras de gerar receita são as principais utilizadas pelos marketplaces.
O mercado de marketplace está em plena expansão. Em alguns países esse modelo já dominou o comércio eletrônico, e aqui no Brasil segue essa tendência. Isso porque, esse tipo de negócio é uma opção muito atraente para quem quer começar a vender online e escalar com facilidade, bem como para quem procura fazer suas compras com comodidade e segurança.
Por essa razão, se prevê que a receita dos fornecedores de plataformas de marketplace cresça mais de 2 vezes entre 2017 e 2022, indo de US $ 18,7 bilhões para US $ 40,1 bilhões. As Américas Latina, Central e do Norte devem responder por 57,2% desse rendimento, de acordo com estudo da Coresight Research.
Destaque para o setor de B2B, que deve sofrer alguns dos maiores impactos e oferecer maiores oportunidades, à medida que a geração Y ou millennials ganha poder de decisão e de compra.
Segundo o Gartner, até 2025 cerca de 80% das interações de vendas B2B entre fornecedores e os compradores vão acontecer em em canais digitais. Isso porque 33% dos compradores buscam uma experiência de venda automatizada, sem contato com qualquer vendedor. E na geração dos millennials esse índice é ainda maior, de 44%.
Aqui em nosso país, os marketplaces começaram a aparecer a partir de 2010, quando grandes grupos de empresas de e-commerce se transformaram em plataformas de marketplace, como Via Varejo (Casas Bahia e Ponto Frio) e B2W (Americanas, Submarino, Shoptime, Livraria Saraiva e Walmart).
Inspiradas no exemplo da Amazon, essas marcas e outras como Magazine Luiza, Extra e Mercado Livre, por exemplo, tornaram-se um grande sucesso aproveitando a tendência de crescimento dos marketplaces.
Mas pequenas e médias empresas também já estão vendo suas receitas dispararem com esse modelo de negócio. Uma pesquisa recente aponta que no comércio eletrônico brasileiro, 32% se classifica como micro ou pequena empresa e 65% têm até 30 colaboradores.
Portanto, o que esses negócios enxergam nas plataformas de marketplace, que já representam um quarto das vendas nas categorias principais de bens duráveis no Brasil, é uma oportunidade única: aproveitar a visibilidade, credibilidade e o tráfego de e-commerces para divulgar produtos e serviços, impulsionando as vendas e o crescimento dos negócios.
A pandemia foi um vetor importante para acelerar ainda mais esse segmento no país e potencializar os lucros. Ainda segundo o estudo, 84% das empresas ouvidas vendem em marketplace, sendo essa a opção mais citada em comparação às vendas em loja física, loja própria online ou WhatsApp. Isso se reflete no faturamento com vendas neste canal, que dobrou no ano passado e segue essa tendência em 2021.
O modelo de negócio dos marketplaces oferece uma série de vantagens importantes tanto para os consumidores quanto para vendedores. Podemos citar, por exemplo:
Marketplace é um tipo de negócio facilmente escalável, o que significa que quando o número de clientes cresce, os custos de uma operação não crescem na mesma proporção.
Afinal, nesse modelo o marketplace não precisa possuir estoque de produtos. Os compradores acessam virtualmente o inventário dos fornecedores com informações em tempo real no site ou aplicativo. Dessa forma, o marketplace consegue disponibilizar uma ampla variedade de produtos e serviços, enquanto uma loja virtual está limitada a negociar somente aquilo que possui em seu estoque.
Algumas das maiores empresas do mundo são ótimos exemplos da escalabilidade desse modelo. Veja o caso do Uber e do Airbnb, por exemplo, que não possuem nenhum carro ou um hotel.
Para os compradores, uma das maiores vantagens de um marketplace é a conveniência e facilidade que essa plataforma oferece no processo de compra, destacando-se por oferecer experiências do usuário muito mais satisfatórias. Afinal, dentro de um marketplace o consumidor encontra uma grande variedade de ofertas de vários fornecedores. Isso facilita o processo de escolha, otimizando tempo e recursos na comparação de preços e vantagens.
No caso de produtos físicos, outra vantagem é o pagamento único. É possível escolher itens de diversos fornecedores, colocá-los no carrinho de compras e pagar todos de uma vez só.
O marketplace também agrada em cheio aqueles consumidores que em geral não gostam de baixar aplicativos de lojas online pois buscam variedade. Essas pessoas têm maior probabilidade de baixar um aplicativo que apresenta ofertas de variados fornecedores e uma gama maior de produtos ou serviços.
A disponibilidade de avaliações e comentários de outros compradores a respeito dos produtos e serviços também é comum na maioria dos marketplaces. Esse é outro benefício, que contribui para a tomada de decisão e para a satisfação do consumidor. Afinal, a compra de um produto ou serviço com “boas notas” e feedbacks positivos traz uma sensação de assertividade e segurança.
Para os vendedores, o marketplace oferece a visibilidade de um e-commerce que pode ter milhares ou até milhões de acessos diários. Além de atingir muito mais potenciais compradores, esse tráfego também pode ajudar a direcionar clientes para o seu site, landing page ou loja física se for o caso.
Isso pode ser feito com a criação de boas estratégias de precificação, bons anúncios, cuidado com o visual das fotos e com os textos das descrições, além de um bom portfólio de produtos e serviços.
As lojas menores, que encontram mais dificuldade para conquistar a confiança dos consumidores, “pegam emprestado” a reputação e credibilidade da marca do marketplace, agregando valor à sua. Boa parte dessa credibilidade vem do fato que o marketplace é responsável pela segurança das transações financeiras, cuidando do gateway de pagamento.
No marketplace, os compradores conseguem economizar tempo e dinheiro acessando uma variedade de produtos e serviços e fazendo pagamentos em um só lugar. Já os vendedores ganham tempo e recursos para focar na gestão do seu negócio e na criação de estratégias para vender mais, sem se preocupar em criar um site ou aplicativo, por exemplo, ou ter administrar uma grande infraestrutura de TI.
Na maioria dos marketplaces, o consumidor consegue comparar a oferta do mesmo produto – ou de produtos muitos similares – em diferentes fornecedores. Além de avaliar a qualidade e a credibilidade de cada um, também consegue fazer um comparativo de preços.
Essa possibilidade não se aplica somente à venda de produtos físicos, mas também à ofertas de serviços. Alguns marketplaces trabalham com a metodologia de RFP, onde o comprador pode descrever as suas necessidades – seja de produtos ou de serviços – e diversos fornecedores encaminham sua proposta. Assim, o consumidor consegue tomar decisões mais assertivas e até mesmo economizar, se optar pela proposta de menor custo.
É o caso da plataforma Workana, por exemplo, que reúne diversos profissionais freelancers. As empresas que estão buscando por algum tipo de serviço publicam o seu projeto para que os profissionais apresentem as suas propostas.
A expansão da Internet amplia cada dia mais as possibilidades de negócio com o surgimento de novos marketplaces para atender diversos nichos, com os serviços de especialistas dos mais variados tipos, desde arquiteto, motorista e entrega de comida – até serviços para a gestão de telecom.
Dessa forma, tanto consumidores quanto fornecedores podem aproveitar as vantagens dos marketplaces da melhor forma possível, promovendo relações de consumo cada vez mais satisfatórias.
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Por
Ulysses Dutra
Redator, jornalista e músico, aficionado por tecnologia & inovação, geopolítica e rock’n’roll/blues/funk/reggae/samba/soul