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Stir/Shaken: a alternativa ao 0303 e 0304 para identificar chamadas legítimas

Por Welson Lima Jr | 04.04.24
O que é Stir/Shaken

Em julho de 2022, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em resposta ao aumento exponencial das ligações de telemarketing, implementou a obrigatoriedade do uso dos prefixos 0303 como uma medida para padronizar o setor e oferecer transparência ao consumidor quanto à natureza das chamadas recebidas.

Entretanto, segundo Carlos Baigorri, Presidente da Anatel, em uma entrevista ao canal ClienteSA Play, essa medida não solucionou o problema do “spoofing” – uma tática utilizada por golpistas e operadores de telemarketing para falsificar o identificador de chamadas. Além disso, a adoção generalizada do prefixo 0303 acabou gerando um estigma negativo, misturando os robôs que ligam de forma inoportuna com chamadas legítimas de empresas como aquelas que ligam para lembrar de renovar o seguro.

Diante desse cenário, a Associação Brasileira de Telesserviços (ABT) propôs uma alternativa: o protocolo Stir/Shaken. Esta solução, apesar de não ser obrigatória como o 0303, oferece uma abordagem para a validação e autenticação de chamadas, prometendo resolver os 2 desafios citados anteriormente enfrentados pelo setor. Continue no artigo para entender mais sobre essa aplicação, os seus benefícios, limitações e como aderir.

O que é Stir/Shaken

Stir/Shaken é um protocolo de autenticação de chamadas desenvolvido para combater fraudes e identificar chamadas ilegítimas. O termo “STIR” vem de Secure Telephony Identity Revisited (identidade segura de telefonia revisitada, em tradução simples). É um mecanismo que identifica o chamador em diversos pontos da ligação, desde o início até o término da chamada, garantindo a autenticidade e evitando fraudes, mesmo em casos de transferência para outras linhas. Essa tecnologia foi desenvolvida pensando em proteger o usuário de ligações ilegais através de VoIP — voz sobre IP.

Já a “SHAKEN” serve a um propósito parecido com o “STIR”, mas foi feita para ligações que usam a linha telefônica, identificando o chamador por meio de tokens de segurança. Pela STIR/SHAKEN, a operadora pode identificar se o chamador tem autorização para usar aquele número que está ligando.

Stir/Shaken: exemplo de autenticação de chamada

Quais os benefícios do protocolo  

Essa função tecnológica traz benefícios tanto para a importância econômica e social no setor de telesserviços quanto para a proteção do consumidor quanto à sua segurança e privacidade. Vamos listar abaixo:

Para o consumidor 

  • Autenticação de chamadas: Com a verificação da chamada o usuário tem a garantia que o número é real e não uma prática de spoofing.
  • Identificação da chamada: Independentemente de ter o telefone salvo ou não na sua agenda uma vez que esses dados serão pegos no banco de dados da operadora. 
  • Proteção contra robocall:  A tecnologia ajuda a identificar esses números de ligações feitas por robôs e facilita tirá-los da rede.  

Para o setor de telesserviços 

  • Separação das boas e más práticas: Na tela aparecerá dados como “verificado”, uma imagem e um assunto, diferente do prefixo 0303 que deixava todos os números no mesmo estigma.
  • Restaurar a confiança dos clientes: Com rede menos ocupada e garantindo que não é golpe os usuários tendem a aumentar a possibilidade de atender o telefonema
Tela apresentação Neustran para o Seminário: Autenticação do Identificador de Chamadas Utilizando a tecnologia Stir Shaken da Anatel mostrando exemplo de ligação antes e depois de atender
Tela apresentação Neustran para o Seminário: Autenticação do Identificador de Chamadas Utilizando a tecnologia Stir Shaken da Anatel

Para as operadoras

  • Redução do fluxo de chamadas:  Com essa solução tende-se diminuir o volume de chamadas abusivas. O que deixa a rede mais livre  

Quais as limitações e desafios atuais desse protocolo no Brasil 

A entrada em funcionamento do Stir/Shaken será progressiva. Hoje ele depende de algumas variáveis para funcionar: do modelo do aparelho, sistema operacional, app de discagem e a rede de conexão.

Rede de conexão

A solução só vai  funcionar quando o usuário final estiver conectado a uma rede 4G ou 5G. Foi acordado entre as operadoras de que não valeria a pena realizar esse investimento para as redes 2G e 3G, pois isso encareceria demais o serviço de autenticação. Cabe lembrar também que, mais cedo ou mais tarde, essas redes serão desligadas.

Aparelho e sistema operacional 

Ainda é necessário uma atualização dos sistemas. No caso de smartphones Android, o Google informa que todos aqueles com OS a partir do Android 11 estão habilitados a trabalhar com Stir/Shaken.

Isso representaria 78% da base de aparelhos Android no Brasil, de acordo com dados da StatCounter. A versão mais popular de Android no País é o Android 13, que representa 34% da base nacional, seguido pelo Android 12 (17%); 11 (16%); 10 (11%); 14 (10%); e 9 (3%). Os dados da StatCounter se referem ao mês de fevereiro de 2024.

Devemos considerar também que será necessária a atualização do sistema Android do Google e IOS da Apple de alguns dispositivos, o que pode levar algum tempo, pois aparelhos mais antigos não possuem o sistema.O desafio agora é garantir que os sistemas operacionais dos celulares estejam atualizados para suportar o Stir/Shaken. 

Quem e como aderir ao protocolo 

A adesão do Stir/Shaken é feita pelas operadoras de telefonia que vão remunerar a ABR Telecom pela operação e manutenção do sistema. Esse valor varia de acordo com o volume e fica na casa de milésimo de Real por chamada. No entanto as operadoras que não aderirem terão que continuar a ofertar aos seus usuários o 0303 e 0304. Então vale a pena verificar isso antes de fechar o seu contrato.

O sistema entrou em fase de testes no Brasil em 27 de março de 2024 e o Gustavo Borges, superintendente da Anatel, revelou que 26 operadoras já se prepararam para adotar a solução, incluindo grandes nomes como Vivo, Claro, Tim, Algar e Ligga.

Conclusão

O protocolo Stir/Shaken emerge como uma alternativa promissora para combater fraudes telefônicas e restaurar a confiança dos consumidores brasileiros. Apesar dos desafios relacionados à atualização de sistemas operacionais e redes de conexão, os esforços conjuntos da Anatel, operadoras de telefonia e Associação Brasileira de Telesserviços indicam progresso rumo a um ambiente telefônico mais seguro e transparente. À medida que o Stir/Shaken avança para a fase de testes e adesão pelas principais operadoras do país, nos aproximamos de um futuro onde as fraudes telefônicas sejam mitigadas e as chamadas se tornem uma experiência confiável para todos os brasileiros.

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