Os impactos da tecnologia 5G já são percebidos no setor de telecom e TI. Nos próximos 3 anos devem ser investidos R$ 413,5 bilhões em mobilidade e conectividade
A chegada do 5G no Brasil traz grandes expectativas de mudanças e novas oportunidades para os consumidores e as empresas. Afinal, hoje nenhuma outra inovação é capaz de acelerar a transformação digital com tanta velocidade e impulsionar o setor de telecom e TI, quanto a internet móvel 5G.
Mas ainda existem alguns obstáculos, que o edital do leilão lançado pela Anatel em setembro de 2021 busca enfrentar, para garantir a sustentabilidade e os prazos definidos para implementação definitiva da tecnologia 5G no Brasil.
A tecnologia 5G é a evolução para a próxima geração de rede de internet móvel, que promete transformar as telecomunicações por conta de características como:
Atualmente, a melhor conexão 4G pode atingir até 100 MB/s (megabits por segundo) de velocidade para uploads e downloads. Já o 5G deverá alcançar até 20 GB/s (gigabits por segundo).
Esse aumento de velocidade é possível pois o 5G utiliza faixas de frequência mais altas da telefonia, que sofrem menos interferência. Isso torna o envio de dados bem mais rápido, além de oferecer uma cobertura maior.
A latência é o tempo que um pacote de dados leva para ser enviado pelo dispositivo de origem e chegar ao dispositivo de destino. Por isso chamada tempo de resposta, a latência é responsável, por exemplo, pelo delay que acontece nas chamadas de vídeo, quando temos que esperar até que a pessoa do outro lado escute o que falamos.
O máximo de latência que o 4G alcança é de 50 a 70 milissegundos. O 5G vai oferecer 1 milissegundo, o que significa que aparelhos vão reagir quase que instantaneamente às interações, praticamente acabando com esse problema.
É isso que vai permitir o uso comercial de drones de entrega ou carros autônomos, por exemplo, bem como o desenvolvimento da telemedicina, realidade aumentada e dos games, melhorando radicalmente a experiência do usuário.
Através do uso otimizado do espectro de faixas de radiofrequência, o 5G irá aumentar a capacidade de conectar dispositivos em uma única antena de transmissão e facilitar a expansão da Internet das Coisas.
Essa vantagem permite que mais aparelhos acessem a internet móvel ao mesmo tempo, com mais de 1 milhão de aparelhos conectados por metro quadrado, ampliando a cobertura e tornando as conexões mais estáveis.
Ou seja, o 5G vai transformar a experiência do usuário ao compartilhar conteúdo nas redes sociais, baixar músicas e filmes, enviar grandes anexos de e-mail, fazer chamadas de vídeo e conectar-se à redes de trabalho usando redes virtuais privadas (VPNs), entre outras atividades.
O mês de setembro de 2021 marcou um passo importante no processo de licitação e implementação da tecnologia 5G no Brasil com a aprovação do edital do leilão com as regras gerais pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
O leilão, que oferece radiofrequências nas faixas de 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz, representa um marco: é a maior oferta de espectro da história da Anatel, que vem conduzindo o processo de forma a equilibrar acessibilidade e sustentabilidade.
Uma das contrapartidas incluídas no edital é o investimento de R$ 7,6 bilhões em um programa para a conectividade das escolas públicas de educação básica do país. O documento prevê que uma parte das operadoras que adquirirem a faixa de 26 GHz sejam responsáveis pela tarefa, junto com o Ministério da Educação (MEC).
O edital do 5G prevê ainda recursos para a realização de outros dois grandes projetos:
Além disso, o edital também traz outras obrigações como a oferta de cobertura em áreas urbanas e rurais pouco atendidas, além de estradas e rodovias com tecnologia 4G ou superior.
Por isso, as expectativas são de que o leilão atraia novos players para o mercado de telecom, com o surgimento de mais redes neutras, além de abrir novas oportunidades para provedores regionais e grandes operadoras trabalharem juntas.
Segundo o edital da Anatel, o 5G deve começar a funcionar nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal até julho de 2022. Já nas cidades com mais de 30 mil habitantes, isso deve acontecer até julho de 2029.
Como vimos, muitas empresas grandes, médias e pequenas já vêm se preparando para vencer esses desafios e colocar o Brasil rapidamente na lista de 65 países como China, Estados Unidos, Finlândia, Espanha, Austrália, Rússia e Arábia Saudita, onde a tecnologia 5G já é uma realidade.
Por esse motivo, recentemente um estudo da IDC Brasil calculou que até 2022 o 5G deve gerar 2,7 bilhões de dólares em novos negócios. Portanto, é fundamental traçar estratégias para identificar logo as oportunidades e aproveitar para conquistar uma fatia desse bolo.
Notadamente, os principais desafios que as regras do edital do 5G tentam resolver para implementar definitivamente a tecnologia no Brasil são dois:
Por conta do déficit de infraestrutura, muitas áreas urbanas e rurais, estradas e rodovias em todo o Brasil, ainda não possuem cobertura de internet.
O número de antenas de telefonia móvel é insuficiente e a maior parte das redes é de fibra óptica, o que demanda investimentos pesados para garantir a cobertura, acessibilidade e conectividade 5G de forma sustentável.
Além disso, para evoluir até o 5G, as empresas de telecomunicações devem fazer um balanço geral além da infraestrutura, para revisar desde as tecnologias, estruturas e recursos que utilizam, até a forma de fazer o marketing e vendas.
Para aumentar a cobertura 5G em áreas urbanas densamente ocupadas e estender para áreas rurais, será preciso criar uma nova infraestrutura em muitos lugares, em pequenas áreas geográficas, o que envolve uma série de questões jurídicas.
Isso porque, apesar de sua capacidade imensamente superior em relação às tecnologias anteriores, o comprimento de onda das frequências do 5G é mais curto, o que significa que as barreiras físicas podem bloquear seu sinal bem mais fácil.
O governo federal é o responsável pelas regras específicas para a infraestrutura, porém a instalação de equipamentos envolve ainda autorizações e restrições de cada município sobre a ocupação do solo, bem como de cada governo estadual em relação às infraestruturas sobre sua administração.
Muitos municípios estão tendo que adequar suas legislações para receber a tecnologia 5G. É o caso das cidades de Maringá e Londrina, no Paraná, por exemplo. Ambas possuem leis restritivas e processos de licenciamento não favoráveis à instalação da nova infraestrutura.
Por causa de situações como estas, o governo federal emitiu um decreto em 2020, que regulamenta uma norma chamada de “silêncio positivo”. Esse dispositivo legal permite instalar equipamentos sem autorização, desde que estejam em conformidade com a lei. Caso não haja uma breve manifestação de órgãos ou entidades municipais, a norma assume que está dada a autorização e a instalação é permitida.
Dessa forma, é preciso mais ações nesse sentido, com regras claras, coerentes e que levem em conta as especificidades locais, para que exista um ambiente legal e regulatório seguro para a construção de infraestrutura para a rede de tecnologia 5G.
Somente assim, será possível reduzir custos de investimento e criar garantias legais para assegurar o acesso a postes públicos, dutos, direitos de passagem e prédios públicos, permitindo investimentos regulares em todo o país.
Essa é a condição básica não só para a instalação e funcionamento da rede 5G, como para tornar viável o novo mercado de telecom e TI que se aproxima.
Com o 5G, o papel das empresas de telecomunicações não vai mais se limitar ao básico de telefonia, TV e banda larga, tornando o futuro do segmento muito promissor. Afinal, as funcionalidades desta tecnologia serão cada vez mais estratégicas na implementação da maioria das soluções inovadoras e disruptivas.
Os impactos do 5G no Brasil devem atingir os mais variados setores da economia e da sociedade, como a telefonia e internet móvel de alta velocidade, mobilidade urbana, educação, cidades e casa inteligentes, lazer, segurança pública, indústria, agronegócio, medicina, e-commerce, entre outros.
Na telefonia, o 5G começa sua revolução nos próprios smartphones e dispositivos que aumentam sua capacidade de processamento ao deixar boa parte do serviço para a nuvem, emprestando o poder e velocidade dos supercomputadores, além de diminuir o consumo de energia, aumentando a capacidade das baterias.
Chamadas de vídeo e reuniões por videoconferência vão ganhar mais estabilidade e poderão ser efetivamente feitas de qualquer lugar. O trabalho remoto, que já cresceu com a pandemia, vai aumentar ainda mais e as pessoas estarão mais próximas mesmo que longe fisicamente.
Também devemos ver grandes mudanças no comportamento de consumo e no perfil dos usuários, que vão assumir maior controle desde a compra ao uso de telefonia e internet. Isso porque, ao contrário da banda larga de fibra óptica, onde é preciso contratar uma empresa especializada para instalar a conexão na sua residência ou empresa, no 5G o processo será bem mais simples e ágil.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a operadora T-Mobile já trabalha com um novo modelo de receita: um serviço de internet 5G doméstico. Quando assinam o serviço, os consumidores americanos já recebem um roteador e um modem WiFi integrado, que fornece sinal para todos os dispositivos da casa, sem taxas extras de equipamento e instalação.
Esse é um dos mercados para o setor de telecom que mais irá se beneficiar da implementação do 5G, com a ampliação de oportunidades. Segundo o estudo da Brasscom que já citamos, devem ser investidos 7,3 bilhões em IoT até 2024.
Essa tecnologia vai permitir que as empresas de telecom ampliem seu portfólio de serviços em diversas áreas como indústria 4.0, varejo inteligente, smart cities, casas inteligentes, telemedicina e rastreamento de veículos, entre outras.
Em resumo, a Internet das Coisas, impulsionada pelo 5G, vai tornar possível atribuirmos inteligência a qualquer objeto, seja um eletrodoméstico, uma roupa, um veículo ou qualquer outra máquina ou dispositivo.
Por isso, seus impactos vão trazer grandes ganhos para a economia. De acordo com uma pesquisa da OMDIA e da Nokia, a internet 5G no Brasil pode gerar um aumento de 1 ponto percentual no PIB até 2035, o que pode significar US$ 1,11 trilhão de dólares.
Nesse cenário altamente positivo para o setor de telecomunicações, a gestão de TI também está em evidência. Afinal, para aproveitar ao máximo as vantagens do 5G e ao mesmo tempo manter a sustentabilidade dos negócios e crescer, é preciso administrar os serviços e ativos de TI de forma estratégica.
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Por
Ulysses Dutra
Redator, jornalista e músico, aficionado por tecnologia & inovação, geopolítica e rock’n’roll/blues/funk/reggae/samba/soul