

Para que você chegasse a este artigo, alguns comandos precisaram ser dados, certo? Seja o clique em um link ou uma pesquisa no Google, fato é que este texto estava “guardado” em algum lugar esperando para ser acessado. Este local é, na verdade, um data center: instalação física que abriga os servidores ― estes, sim, responsáveis por gerenciar a troca de dados entre o blog da VC-X e o seu dispositivo.
Tudo em um data center tem dimensões extravagantes, incluindo o consumo de energia. Para se ter ideia, uma instalação de 240 m², com quatro mil servidores, gasta cerca de 2 mil MW/h. Isso é o suficiente para abastecer cerca de quatro mil casas com cinco habitantes cada. E isso tem colocado os data centers no centro de uma grande polêmica.
Como adiantamos acima, um data center nada mais é que um prédio dedicado a armazenar os servidores. Essa funcionalidade o torna a espinha dorsal de uma infraestrutura de TI, pois é ele que garantirá o funcionamento correto dos sites hospedados. Como você pode imaginar, a disponibilidade deve ser ininterrupta e, para isso, muitos detalhes precisam ser pensados.

O sistema de resfriamento é um dos principais. Isso porque, em um data center, os servidores estão dispostos em hacks. Estes assemelham-se a prateleiras, as quais comportam até 88 servidores, que, por conta do trabalho constante, geram calor. Logo, são necessários robustos sistemas de refrigeração a fim de manter a temperatura entre 19º C e 21º C.

Outro ponto interessante é em relação ao sistema de combate a incêndio. Todo data center conta com sensores que monitoram o aumento de temperatura e, caso haja fogo, acionam potentes extintores. Eles são capazes de extinguir as chamas em menos de 10 segundos e cada um deles custa em torno de 100 mil reais ― lembra que falamos que tudo em um data center tem grandes proporções?
Isso se estende também aos esforços de TI. Em um data center, a redundância é essencial. Ou seja, é preciso garantir que se algo falhar, outro sistema entrará em ação para suprir a demanda. Há casos, inclusive, nos quais um data center “reserva” está pronto para entrar em operação se o titular tiver algum problema.
Mesmo que a parte física de um data center impressione por conta das dimensões, uma grande “estrutura regulatória” também está envolvida nessas instalações. Afinal, é fundamental garantir a segurança, capacidade de recuperação e disponibilidade dos serviços.
Essas certificações são referentes à infraestrutura, gestão e segurança, além de outras específicas do setor. Um documento publicado pelo NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR), braço executivo do CGI (Comitê Gestor da Internet no Brasil), elencou as principais:
Ainda, a lista desenvolvida pelo especialista em infraestrutura e governança da Internet, Oripide Cilento Filho, cita outras referências sobre data centers:
Existem empresas que possuem uma estrutura própria de TI. Esse modelo, chamado de data center enterprise, necessita de espaço e profissionais dedicados internamente para operar. É adotado, em grande parte, por quem precisa assegurar a posse, a segurança e o controle total de seus dados. Entretanto, novas soluções têm feito as empresas reduzirem os investimentos em hardware, suporte e instalação física.
Confira no blog: HaaS: como funciona o Hardware as a Service?
O data center colocation é um bom exemplo. Ele funciona enquanto uma espécie de “aluguel” de espaço onde as empresas podem armazenar seus próprios hardwares (servidores, roteadores etc.). Dessa forma, o provedor cuida da parte física, tal qual da garantia de resfriamento e de energia ininterrupta, e o locatário fica responsável por gerenciar seus dados e equipamentos.
Como o nome sugere, o data center hyperscale é uma estrutura dedicada a operar com um volume robusto de informações e que está pronta para escalar de acordo com a demanda. É um tipo de data center construído por empresas como Amazon Web Services (AWS), Google Cloud e Microsoft Azure, que precisam estar prontas para lidar com o rápido crescimento de recursos computacionais sem comprometer o desempenho.

Há alguns modelos de negócio que necessitam de um data center próximo à empresa. Afinal, a latência de rede interfere diretamente na qualidade do serviço prestado, como no caso da Netflix ou Spotify. Assim como elas, quem lida com aplicações de IoT, ou serviços públicos, a exemplo da gestão de tráfego e de iluminação, também precisa garantir uma excelente qualidade de conexão com os servidores. Para isso, nada melhor que um data center de menor porte na “borda da rede”.
O data center em nuvem nada mais é que acessar às funcionalidades de um data center tradicional pela Internet. Grandes provedores como Google e Amazon já disponibilizam serviços de hospedagem remota. Porém, diferente do colocation, quem contrata não tem acesso aos servidores e a administração fica totalmente a cargo dos provedores.
Leia também: Cloud computing: o futuro da TI
O nosso país já é bastante expressivo quando o assunto é instalação de data centers. Afinal, somos líderes da América Latina em quantidade de data centers e a expectativa é de forte expansão até 2030. Hoje, em escala global, o Brasil é 12º país com maior número dessas instalações.

Ações com a Medida Provisória 1.318 que cria o Regime Especial de Tributação para Serviços de Datacenter, o ReData, tem incentivado a construção de novos prédios. Ainda, para 2026, está previsto o início das obras do data center da ByteDance, controladora do TikTok, no estado do Ceará, uma obra cujo investimento já ultrapassa os R$ 9 bi.
A atratividade brasileira a esses negócios se deve à alta disponibilidade de energia renovável e à abundância de recursos hídricos, fundamentais para atuar no sistema de resfriamento de um data center. Entretanto, mesmo que o cenário aponte para um futuro promissor, a isenção fiscal proposta pelo governo à construção de data centers é vista com preocupação por algumas entidades.

Assim como a estrutura de um data center, o impacto que ele gera ao seu entorno também é grande. A principal preocupação é com a utilização de recursos como água e energia. Porém, não podemos esquecer do impacto social que uma instalação desse porte ocasiona.
É claro que diversas iniciativas são colocadas em prática para amenizar esses efeitos. O data center em construção no Ceará é um bom exemplo, uma vez que o projeto prevê parceria com uma empresa desenvolvedora de parques eólicos.
Além disso, o país tem investido na implementação de data centers verdes. Ou seja, que priorizam tecnologias sustentáveis, otimização da eficiência energética, equipamentos de baixo consumo e gestão eficiente da água. Atualmente, a cidade de Vinhedo, em São Paulo, é sede de um data center com certificação de eficiência energética.
Outra iniciativa importante foi a aprovação, por unanimidade, da Resolução nº 780 da Anatel. O documento, que passa a valer a partir de dezembro de 2025, dispõe que apenas data centers com avaliação de conformidade poderão ser contratados ou instalados pelas prestadoras. Aqueles que já estão em operação terão três anos para se adequarem às exigências que incluem requisitos de:
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Um data center é uma instalação física que abriga servidores responsáveis por armazenar, processar e distribuir dados. É nele que sites, sistemas e aplicativos ficam hospedados, garantindo que possam ser acessados a qualquer momento.
Os principais modelos são:
• Enterprise: estrutura própria dentro da empresa.
• Colocation: aluguel de espaço para instalar equipamentos próprios.
• Hyperscale: grandes instalações projetadas para lidar com enorme volume de dados.
• Edge: data centers menores e mais próximos dos usuários a fim de reduzir a latência.
• Nuvem: serviços acessados pela Internet, sem acesso ao hardware físico.
Os principais impactos são o alto consumo de água e energia, além da influência econômica e social nas regiões onde são instalados. Com objetivo de minimizar esses efeitos, o país tem investido em data centers verdes, que priorizam soluções sustentáveis, energia renovável e eficiência energética.
O Brasil lidera a América Latina em número de data centers e deve continuar crescendo até 2030. Incentivos como o ReData têm estimulado novas construções, como o grande data center da ByteDance no Ceará, que já passa de R$ 9 bilhões em investimento.

Por
Daniel Curi
Especialista em gestão de Telecom e TI com mais de 10 anos de experiência no setor. Tenho liderado inúmeros projetos voltados a automações nessa área, otimizando processos, trazendo eficiência operacional e ganho de tempo, permitindo que as equipes se concentrem nas atividades estratégicas da organização.